Ataque de pânico, transtorno de pânico e agorafobia são termos comuns quando se fala em “pânico”, mas você sabe o que são? Vamos falar um pouco nesta página!
Ataque de pânico
Definição
É um episódio rápido de medo ou desconforto intenso que em alguns minutos chega no momento de sofrimento mais intenso (pico) e está associado a diferentes sintomas.
Esses sintomas podem ser físicos ou cognitivos (como medo de morrer ou perder o controle).
Pode surgir mesmo quando o indivíduo está calmo (assim como também pode surgir quando está em um estado ansioso).
Diferentemente da ansiedade, o seu pico acontece em minutos e sua gravidade geralmente é maior. O ataque de pânico cursa com pico dos sintomas em até 10 minutos e tem curta duração, comumente até 30 minutos, com resolução espontânea.
SINTOMAS
É caracterizado por ser um período de intenso temor ou desconforto, com sintomas que se desenvolvem rapidamente alcançam um pico em aproximadamente 10 minutos, os principais sintomas são: batimento do coração rápido e intenso, sensação de suor excessivo, tremores, sensação de falta de ar ou sufocamento, dor ou desconforto no tórax, vontade de vomitar ou desconforto abdominal, sensação de tontura ou desmaio, sensação de não estar fora da realidade ou estar fora de si, medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer, sensação de formigamento, calafrios ou ondas de calor.
Por ser pouco específico, não é um transtorno mental, podendo acontecer em diferentes contextos e transtornos. Pode acontecer não apenas em transtornos ansiosos, mas também em outras condições como transtornos depressivos, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtornos por uso de substâncias e algumas condições médicas (como condições cardíacas, respiratórias e gastrintestinais).
Na população em geral, estima-se que atinja por volta de 11% dos adultos. As mulheres são afetadas com mais frequência.
Geralmente se inicia entre 22 a 23 anos de idade, porém pode se iniciar em diferentes faixas etárias.
Frequentemente, indivíduos com ataques de pânico tem diversas idas ao pronto atendimento com queixas como dor no peito e dificuldade de respirar, até serem diagnosticados com um transtorno psiquiátrico. Porém vale ressaltar que é importante excluir causas orgânicas (como doenças do coração e da tireoide) – isso deve ser feito pelo médico / psiquiatra qualificado para isto.
Transtorno de pânico
O transtorno de pânico é caracterizado pela presença de crises de ansiedade intensas (ataques de pânico), associadas a ansiedade antecipatória (relacionada ao medo de ter novas crises) entre os episódios.
Causando sofrimento importante e prejuízos aos indivíduos, gerando comprometendo as diversas áreas de suas vidas.
Os ataques de pânico acontecem com frequência considerável na população em geral, mas apenas alguns desenvolvem o transtorno de pânico.
Na população em geral, a estimativa de prevalência de 12 meses para o transtorno de pânico é de 2 a 3% em adultos e adolescentes. As mulheres são mais afetadas que os homens.
Entre as pessoas que alguma vez tiveram algum ataque de pânico, a maioria apresentou ataques de pânico recorrentes (66,5%), enquanto apenas 12,8% foram diagnosticadas com transtorno de pânico.
O seu surgimento está associado a fatores genéticos, psicológicos (como temperamento ansioso), ambientais (como exposição ao estresse) e biológicos.
Afinal, o que diferencia o ataque de pânico do transtorno de pânico?
DIFERENÇA ENTRE ATAQUE DE PÂNICO E TRANSTORNO DE PÂNICO
No transtorno de pânico, além do ataques de pânico recorrentes e inesperados também estão presentes: medo ou preocupação persistente sobre ter novos ataques de pânico ou suas consequências (como perder o controle, ter um infarto ou “enlouquecer”), uma mudança importante e pouco funcional do comportamento e que surge como consequência aos ataques de pânico (como comportamentos que tentam evitar novos ataques – fugir de exercícios ou situações desconhecidas).
Para ser diagnosticado o transtorno, não pode ser consequência do uso de substâncias (como drogas de abuso ou medicações) ou doenças médicas (como hipertireoidismo) e não pode ser melhor explicado por outro transtorno mental.
Um em cada quatro indivíduos com transtorno de pânico também desenvolvem agorafobia. A maior chance disso acontecer é em mulheres, tontura importante durante os ataques, traços de personalidade dependente e presença de transtorno de ansiedade social.
Dois em cada três indivíduos com transtorno do pânico preenchem critérios diagnósticos para, no mínimo, outros dez transtornos psiquiátricos ao longo da vida. Principalmente: agorafobia, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de ansiedade social (TAS), transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtornos do humor, esquizofrenia, transtornos de personalidade e abuso de substâncias.
Evidências sugerem que tanto o tratamento farmacológico, quanto o psicológico, quando realizados de forma isolada tem eficácia semelhante na fase aguda do tratamento e, quando realizados de forma combinada, este tratamento é ainda superior do que cada um deles realizados separadamente. A indicação de qual tratamento deve ser seguido é feita pelo psiquiatra que irá acompanhar o caso.
Agorafobia
Ágora é um termo grego que significa a reunião de qualquer natureza, geralmente empregada por Homero como uma reunião geral de pessoas (ἀγορά; “assembleia”, “lugar de reunião”, derivada de ἀγείρω, “reunir”).
A agorafobia é caracterizada pelo medo de situações e lugares nos quais possa ser difícil escapar ou a ajuda não possa estar disponível durante um ataque de pânico.
A maioria dos casos está associada ao transtorno de pânico. O indivíduo tem uma ansiedade ou medo acentuado ou intenso causado pela exposição real ou prevista a várias situações que são evitadas de forma ativa.
Essas evitações ou medos acontecem devido pensamentos de que pode ser difícil escapar ou que o auxílio pode não estar disponível no caso de necessidade. O medo, a ansiedade ou a esquiva persistem e causam muito sofrimento ou dificuldades no funcionamento do indivíduo. Quando muito grave, pode levar os indivíduos a ficar completamente restritos em casa, com dificuldades de sair e são dependentes de outra pessoa para serviços ou assistência até mesmo às suas necessidades básicas.
Medo ou ansiedade são importantes e relacionados a diferentes situações, com dificuldades relacionadas com: uso de transporte público, permanecer em espaços abertos (como estacionamentos e mercados), permanecer em locais fechados (como sala de aula, lojas, teatros e cinemas), permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão e sair de casa sozinho.
As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou ansiedade e são ativamente evitadas, precisando de uma companhia para serem suportadas ou são suportadas com intenso medo ou ansiedade. O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real nessas situações, além de ser persistente e causar prejuízo significativo ao indivíduo.
O tratamento é feito de forma semelhante a outros quadros ansiosos, com a indicação de psicoterapia e, se julgado necessário, o uso de medicações.
Fontes:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5.
Kaplan, H.I; Sadock, B.J. Compêndio de. Psiquiatria- Ciências do Comportamento e. Psiquiatria Clínica. 11ª ed
Clínica psiquiátrica 2ª edição, volumes 2 e 3 – Editora Manole