Diferente do que muitos pensam, o transtorno bipolar não é apenas uma doença na qual o humor / personalidade são instáveis e se alteram com rapidez ou “parece que tem duas pessoas ali”, na verdade, uma parte dessas pessoas apresentam outros quadros.
Quando se fala em transtorno bipolar, quer dizer que a pessoa tem tanto episódios de depressão quanto de mania ou hipomania. Aqui vale a pena mais uma observação, na linguagem popular se diz que alguém está “maníaco” quando ele está muito agressivo ou frio e calculista, entretanto o que se fala na linguagem popular é diferente do que se fala na linguagem científica. Esse “maníaco” usado como termo popular, na verdade tem mais características de um transtorno de personalidade antissocial (ou um “psicopata”) do que um paciente que esteja em mania devido um quadro de transtorno bipolar, é como se fosse a mesma palavra, porém que ao longo dos anos teve dois significados diferentes (um usado no “popular” e outro usado pela ciência).
Os quadros depressivos são semelhantes aos quadros depressivos de pacientes com depressão, o que pode atrasar o diagnóstico e dificultar o tratamento. Para mais detalhes de como é um quadro depressivo, ver o tópico “Depressão” desta página.
Quando se fala em episódio maníaco / hipomaníaco em transtorno bipolar, na verdade, está se falando em alguém que apresente por um determinado período constante de tempo: humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, podendo incluir autoestima inflada ou grandiosidade; redução da necessidade de sono, sente necessidade para falar muito, fuga de ideias ou experiência de que os pensamentos estão acelerados, dificuldade em focar em algo em específico, agitação psicomotora, envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos).
A diferença entre a “mania” e “hipomania” é a intensidade dos sintomas, na mania se diz que o paciente tem transtorno bipolar tipo I e na hipomania é o transtorno bipolar tipo II. Esta é uma doença que pode causar sérias consequências ao convívio do indivíduo com terceiros no momento em que apresenta tais surtos.
A prevalência em 12 meses estimada nos Estados Unidos foi de 0,6% para transtorno bipolar tipo I, tendo pouca diferença em relação ao sexo masculino / feminino. A média de idade de início do primeiro episódio maníaco, hipomaníaco ou depressivo maior é de cerca de 18 anos para transtorno bipolar tipo I. O início dos sintomas maníacos (p. ex., desinibição sexual ou social) no fim da vida adulta ou na senescência deve indicar a possibilidade de condições médicas
A gravidade do quadro varia, podendo ir desde quadros leves a graves. Podendo ser acompanhado de sintomas ansiosos, abuso de substâncias (como álcool, maconha, tabaco e cocaína), tentativas de suicídio e, em casos mais graves, delírios ou alucinações.
O tratamento se baseia em tratamento não farmacológico (psicoterapia, melhorar qualidade do sono, mudança de estilo de vida…) e farmacológicos (com medicações). Em casos mais graves, também há a possibilidade de tratamento com eletroconvulsoterapia (ECT), além de outros tratamentos que vem sendo mais pesquisados nos últimos anos.
A importância do médico psiquiatria serve tanto para se chegar ao diagnóstico, com exclusão de causas “orgânicas” (como doenças “clínicas” que possam causar sintomas semelhantes), como orientar o tratamento a ser seguido, assim como a medicação específica.